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terça-feira, julho 11, 2006

José (Carlos Drummond de Andrade)

E agora, José?
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José?
e agora, você?
você que é sem nome,
que zomba dos outros,
você que faz versos,
que ama, protesta?
e agora, José?

Está sem mulher,
está sem discurso,
está sem carinho,
já não pode beber,
já não pode fumar,
cuspir já não pode,
a noite esfriou,
o dia não veio,
o bonde não veio,
o riso não veio,
não veio a utopia
e tudo acabou
e tudo fugiu
e tudo mofou,
e agora, José?

E agora, José?
Sua doce palavra,
seu instante de febre,
sua gula e jejum,
sua biblioteca,
sua lavra de ouro,
seu terno de vidro,
sua incoerência,
seu ódio e agora?

Com a chave na mão
quer abrir a porta,
não existe porta;
quer morrer no mar,
mas o mar secou;
quer ir para Minas,
Minas não há mais.
José, e agora?

Se você gritasse,
se você gemesse,
se você tocasse
a valsa vienense,
se você dormisse,
se você cansasse,
se você morresse...
Mas você não morre,
você é duro, José!

Sozinho no escuro
qual bicho-do-mato,
sem teogonia,
sem parede nua
para se encostar,
sem cavalo preto
que fuja a galope,
você marcha, José!
José, para onde?

6 comentários:

  • At 6:01 PM, Anonymous Anônimo said…

    essa poesia e bacana.....declamei ela em um festival de declamação.... parabens

     
  • At 6:07 PM, Anonymous Anônimo said…

    Nossa...nossa...nossa...sem palavras...
    "E agora, José?"
    Simples assim: Voltarei muitas vezes aqui ainda...
    Bjs 1000!

     
  • At 12:53 PM, Anonymous Anônimo said…

    É o encarar da eternidade.E agora? Eu pergunto a vocês que estão lendo este comentário.
    Renato Rodrigues

     
  • At 2:09 PM, Anonymous Anônimo said…

    escrevi um texto sobre este poema quando ainda estava no curso de Letras, sou apaixonada pelo poeta e por este poema em especial. Fico encantada com a capacidade desse mineiro de descrever "coisas" tão humanas e instantes da eterna angústia existencial que sofremos quando somos conscientes do mundo caduco em que vivemos!

    JULIANA RIBEIRO - ARAGUARI/ MG

     
  • At 11:20 PM, Anonymous Anônimo said…

    [i]essa pesia é um pouco de cada um de nós....
    muito linda!!!!!!

     
  • At 12:49 AM, Anonymous Anônimo said…

    Esse poema não é só lindo, mas fala de um sujeito de um tempo. Drummond é aquele que dá voz a esse sujeito q/tem como contexto histórico o Estado Novo de Vargas com a censura e a Segunda Guerra Mundial. Soa também como uma provocação de como dizer o que tem de ser dito. Adalva/Olinda/PE.

     

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