A Rua dos Cataventos (Quintana)
A Rua dos Cataventos
Da vez primeira em que me assassinaram,
Perdi um jeito de sorrir que eu tinha.
Depois, a cada vez que me mataram,
Foram levando qualquer coisa minha.
Hoje, dos meus cadáveres, eu sou
O mais desnudo, o que não tem mais nada.
Arde um toco de Vela amarelada,
Como único bem que me ficou.
Vinde! Corvos, chacais, ladrões de estrada!
Pois dessa mão avaramente adunca
Não haverão de arracar a luz sagrada!
Aves da noite! Asas do horror! Voejai!
Que a luz trêmula e triste como um ai,
A luz de um morto não se apaga nunca!
Mário Quintana.
Vamos orar o Salmo 140 pelo nosso País, estamos precisando! ¹³
2 comentários:
At 8:11 PM, Anônimo said…
Muito obrigada por compartilhar conosco uma parte tão linda de nossa bela cultura literária!!!Adorei todo seu blog!!!
At 6:14 PM, Anônimo said…
Gostei demais dos textos escolhidos. Fazem a gente pensar sobre nós mesmos e nossa direção neste mundo... senti-me também assassinada várias vezes, como na Rua dos Cataventos de Mário Quintana...
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